Cortes de Recursos Para Ciência Ameaçam Participação de Brasileiros em Experimentos no CERN

Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria postada dia (18/09) no site do jornal “O Globo” destacando que Cortes de Recursos para Ciência ameaçam participação de brasileiros em experimentos no CERN.

Duda Falcão

CIÊNCIA

Cortes de Recursos Para Ciência Ameaçam Participação de Brasileiros em
Experimentos no CERN

Brasil já não pagou taxa cobrada de pesquisadores de todo
mundo em 2017 e orçamento não inclui provisão para 2018

Por Cesar Baima
18/09/2017 - 16:35
Atualizado 18/09/2017 - 18:07

Foto: Divulgação/CERN
Instalações do experimento Alpha no CERN: busca para resolver
mistérios da anti-matéria tem participação fundamental de brasileiros.

RIO – Os cortes nos recursos para ciência e tecnologia do governo ameaçam a participação de mais de cem pesquisadores brasileiros em experimentos no Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (CERN), dono do maior acelerador de partículas do mundo, o Grande Colisor de Hádrons (LHC), na fronteira da Suíça com a França. Diante disso, uma comissão de cientistas reunidos pela Rede Nacional de Física de Altas Energia vai a Brasília nesta terça-feira tentar obter as verbas necessárias para que possam dar continuidade às suas pesquisas.

Segundo os pesquisadores, este ano o Brasil já não pagou as chamadas taxas de manutenção e operação devidas pela sua participação nas colaborações no CERN, e no projeto da Lei Orçamentária de 2018, enviado ao Congresso pelo Executivo no último dia 31 de agosto, não há nenhuma provisão para o pagamento das taxas também no ano que vem. Os valores destas taxas, pagas por todos os pesquisadores plenos - isto é, não estudantes, seja de mestrado ou doutorado – de todos países, inclusive os Estados-membros do CERN, variam de acordo com o experimento, mas ficam em média por volta de 8 mil francos suíços (quase R$ 26 mil) por pesquisador por ano.

- O Brasil já está inadimplente e isso cria uma situação muito vergonhosa para todos nós – conta Claudio Lenz Cesar, professor do Instituto de Física da UFRJ e um dos três pesquisadores plenos brasileiros que fazem parte da colaboração Alpha, experimento que busca encontrar diferenças, mesmo que mínimas, nas propriedades do anti-hidrogênio com relação ao hidrogênio de forma a tentar explicar porque nosso Universo é composto basicamente de matéria, apesar de a teoria do Big Bang indicar que a grande “explosão” que teria dado origem a tudo que existe deveria ter criado quantidades iguais de matéria e anti-matéria.

Segundo Cesar, mais do que ameaçar os pesquisadores brasileiros com a expulsão das colaborações no CERN, o não pagamento das taxas coloca em risco a liderança do país em alguns campos destas pesquisas. Desde o início do ano, por exemplo, o laser de baixas temperaturas do Alpha, responsável pela “captura” dos átomos de anti-hidrogênio do experimento, usa uma cavidade ótica para aumentar sua potência que foi totalmente desenvolvido e construído aqui no Brasil. Além disso, os pesquisadores brasileiros se preparam para implementar no mesmo experimento uma nova técnica que permitirá fazer as medições das propriedades do anti-hidrogênio e do hidrogênio em um mesmo ambiente com uma precisão inédita de 15 casas decimais, isto é, na escala do trilionésimo, o que corre o risco de não acontecer sem recursos extras.

- Sem estes investimentos, o Brasil deixa de ter uma posição de liderança que poderia ter nestes experimentos – destaca Cesar. - Muitas vezes a física traz surpresas nestas casas decimais e com uma colaboração grande do Brasil o Alpha pode adentrar um terreno que nenhum outro experimento jamais chegou na área.

Uma das mais prestigiadas e avançadas instituições científicas do mundo, o CERN está por trás de vários desenvolvimentos importantes na ciência e tecnologia. A internet e a www, por exemplo, foi criada nos laboratórios do CERN para facilitar a troca de informações e colaboração entre seus pesquisadores. Mais recentemente, experimento no LHC confirmaram a existência do chamado bóson de Higgs. Apelidado de “partícula de Deus”, o bóson de Higgs é apontado como o responsável por conferir massa a todas outras partículas do Universo e era o último que faltava ter sua existência confirmada dentro do chamado Modelo Padrão da física. Elaborada nos anos 1960, esta teoria lista as 32 partículas fundamentais que formariam o Universo e mediariam suas forças.


Fonte: Site do Jornal o Globo - http://oglobo.globo.com

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