Programas Científicos de Mudanças Climáticas Ajudam a Consolidar Rede de Pesquisas em Ciência do Sistema Terrestre do INPE
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria publicada no número 07 do
Informativo do INPE de 31/08, destacando que Programas Científicos de Mudanças
Climáticas ajudam a consolidar rede de pesquisas em Ciência do Sistema Terrestre
do INPE.
Duda Falcão
Programas Científicos de Mudanças Climáticas
Ajudam a
Consolidar Rede de Pesquisas em
Ciência do Sistema Terrestre do INPE
Informativo INPE
Número 07
31/08/2016
Em entrevista
publicada em edição anterior do INPE Informa (http://www.inpe.br/informativo/05/nota.01.php),
o pesquisador Jean Ometto, chefe do Centro de Ciência do Sistema Terrestre
(CCST) do INPE, enfatizou a importância das interações multidisciplinares para
o desenvolvimento e a consolidação dessa que é a mais nova área de atuação do
Instituto. Nesse sentido, o papel integrador que o INPE exerce na liderança de
grandes programas de pesquisas em mudanças climáticas tem contribuído
significativamente para o reconhecimento da instituição como referência na
área.
Atualmente, o
INPE abriga as Secretarias Executivas da Rede Clima (http://redeclima.ccst.inpe.br)
e do Programa FAPESP Mudanças Climáticas Globais (http://www.inpe.br/mudancas_climaticas/).
Durante dez anos, o Instituto também foi sede do escritório regional do
Programa Internacional da Geosfera-Biosfera (IGBP, na sigla em inglês), por
quatro anos, do escritório regional do Global Land Project (GLP) e, por sete
anos, da secretaria do INCT para Mudanças Climáticas (http://inct.ccst.inpe.br).
"Esses programas mantêm o INPE permanentemente inserido nas discussões,
ações e iniciativas da comunidade científica que trabalha com o tema, e isso
tem um valor inestimável, não só para os pesquisadores e para a nossa pesquisa,
como também em nível institucional", afirma Ometto.
A Rede Clima
(Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais), instituída em
2007 pelo governo federal, tem como principal função elaborar análises sobre o
estado do conhecimento das mudanças climáticas no Brasil, nos moldes dos
relatórios do IPCC, porém com abordagens setoriais mais específicas para
subsidiar a formulação de políticas públicas nacionais e internacionais. Assim,
constitui-se em um importante pilar de apoio às atividades de Pesquisa e
Desenvolvimento do Plano Nacional de Mudanças Climáticas para atender às
necessidades nacionais de conhecimento sobre mudanças do clima.
Estruturada em 16
sub-redes¹ distribuídas nas cinco regiões do país, a Rede Clima tem abrangência
nacional, envolvendo dezenas de grupos de pesquisa em universidades e
institutos. O INPE coordena a sub-rede Modelagem Climática, que tem como
principal motivação desenvolver e utilizar modelos numéricos do sistema
terrestre (oceano-criosfera-atmosfera-biosfera) com o objetivo de projetar as
mudanças climáticas em escalas global e regional decorrentes de ações
antrópicas e naturais. A sub-rede é responsável por disponibilizar os recursos
de supercomputação da Rede Clima e por facilitar o uso de modelos climáticos,
incluindo os desenvolvidos pelo INPE, para a comunidade científica nacional,
principalmente para as demais sub-redes.
Sub-redes da Rede Clima estão distribuídas em 12 estados
do país.
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Dentre as
principais contribuições da Modelagem Climática da Rede Clima estão a
participação pioneira do Brasil como nação contribuinte para os cenários
globais de mudanças climáticas do projeto CMIP-5 (Coupled Model
Intercomparison Project Phase 5), base para a elaboração do 5º Relatório do
IPCC. Os cenários de mudanças climáticas gerados pelo BESM (Brazilian Earth
System Model) também integraram a contribuição da Rede Clima para a
Terceira Comunicação Nacional de Mudanças Climáticas do Brasil à Convenção
Quadro para Mudanças Climáticas da ONU.
Representação esquemática dos modelos componentes e
acoplador
de fluxos do Modelo Brasileiro do Sistema Terrestre – BESM.
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Conferência internacional
Nos dias 28 a 30
de setembro, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) para
Mudanças Climáticas realiza uma conferência internacional (www.fapesp.br/eventos/inct)
para a apresentação de resultados e perspectivas, no encerramento do projeto,
após seis anos de duração. O evento será realizado no Espaço APAS, em São Paulo
e tem o apoio do INPE, Cemaden e FAPESP.
O INCT para
Mudanças Climáticas é o maior dos 123 institutos nacionais de ciência e
tecnologia criados em 2008 pelo então Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).
Os projetos são financiados pelo CNPq, pela Capes e, no caso daqueles sediados
no Estado de São Paulo, pela FAPESP. Estão distribuídos em 17 estados
brasileiros, cobrindo a maior parte das áreas de Ciência e Tecnologia.
Com o objetivo de
servir de base à implantação e desenvolvimento de uma abrangente rede de
pesquisas interdisciplinares em mudanças climáticas, o INCT para Mudanças Climáticas
embasou-se, inicialmente, na cooperação de 76 grupos de pesquisa nacionais de
todas as regiões e 16 grupos de pesquisa internacionais. Após seis anos de
atuação, chegou a 108 instituições, sendo 17 delas internacionais, da África do
Sul, Argentina, Chile, EUA, Japão, Holanda, Índia, Reino Unido e Uruguai,
envolvendo na sua totalidade cerca de 300 pesquisadores, estudantes e técnicos
e constituindo-se na maior rede de pesquisas ambientais já desenvolvida no
Brasil. Mais de 1.400 publicações, entre livros, capítulos de livro e artigos
em revistas nacionais e internacionais foram geradas, junto com dezenas de
apresentações em eventos científicos e para o público amplo.
Espelhando-se na
estrutura do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas IPCC, o Programa
se organizou em três eixos científicos principais: base científica das mudanças
ambientais globais; impactos-adaptação-vulnerabilidade; e mitigação. Incluiu
também esforços de inovação tecnológica em modelos do sistema climático,
geossensores para medir a concentração de gases de efeito estufa, e sistema de
prevenção de desastres naturais. Esta temática científica foi organizada em 26
subprojetos de pesquisa.
O INCT para
Mudanças Climáticas vinculou-se estreitamente a pelo menos duas outras redes de
pesquisa em mudanças climáticas. Em primeiro lugar, esteve diretamente
associado à Rede Clima, cobrindo todos os seus aspectos científicos e
tecnológicos de interesse, além de fornecer articulação, integração e coesão
científica à Rede. Em contrapartida, mecanismos financeiros existentes para a
Rede Clima forneceram financiamento suplementar para a implementação
bem-sucedida do INCT. O projeto esteve igualmente associado ao Programa FAPESP
Mudanças Climáticas Globais.
Atendendo à
missão prevista no edital do CNPq para os projetos, o INCT para Mudanças
Climáticas se propôs ainda a promover a formação de mestres e doutores em suas
linhas temáticas, no intervalo de 5 anos. Foram concluídos 332 mestrados, 230
doutorados e 104 pós-doutorados, além de 153 iniciações científicas.
No importante
quesito das políticas públicas, o INCT para Mudanças Climáticas, em parceria
com a Rede Clima e com programas estaduais e internacionais de pesquisas em
mudanças climáticas, contribuiu como pilar de pesquisa e desenvolvimento do
Plano Nacional de Mudanças Climáticas. Também apoiou os trabalhos científicos
relevantes para a elaboração do Plano Nacional de Adaptação às Mudanças
Climáticas. Forneceu subsídios científicos úteis para a preparação do 5º
Relatório Cientifico do IPCC (IPCC AR5) e do Painel Brasileiro de Mudanças
Climáticas (PBMC) - ambos publicados em 2014 - e para os estudos de impactos
das mudanças climáticas e análise de vulnerabilidade setorial para a preparação
da Terceira Comunicação Nacional (TCN) do Brasil na Convenção Quadro das Nações
Unidas para Mudanças Climáticas (UNFCC), apresentados na Conferência das Partes
(COP-20), em Lima, em 2014.
Também cumprindo
recomendação do CNPq aos INCTs, o projeto manteve uma equipe de três bolsistas
alocados na Secretaria Executiva, para o desenvolvimento de atividades de
divulgação científica e popularização da ciência. O trabalho resultou em 12
participações do INCT para Mudanças Climáticas em eventos de popularização da
ciência (dentre estes, quatro edições da Reunião da SBPC e quatro da Semana
Nacional de Ciência e Tecnologia); nove cartilhas educacionais; dois CD-ROM
interativos; um desenho animado educacional; um quiz educacional
interativo; sete vídeos educacionais; e um portal na Internet para reunir os produtos
gerados.
Estrutura de pesquisas do INCT para Mudanças Climáticas.
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Pesquisas no Estado de São Paulo
Estruturado em
projetos temáticos, o Programa FAPESP Mudanças Climáticas Globais tem
como objetivo avançar o conhecimento no tema e auxiliar a tomada de decisões
relacionadas a avaliações de risco e estratégias de mitigação e adaptação. O
Programa abrange um componente dedicado ao desenvolvimento das tecnologias
apropriadas para o futuro, não somente voltadas a ações inovadoras para
mitigação de emissões, mas também tecnologias para adaptação em todos os setores
e atividades.
Os objetivos do
programa também abrangem um componente observacional, voltado para a
recuperação e expansão de observações climáticas regionais e paleoclimáticas,
visando superar a deficiência de observações ambientais de qualidade para
pesquisas, que tem sido um enorme obstáculo ao avanço científico do tema no
Brasil.
Projeção Institucional
Além de
contribuir para o intercâmbio de conhecimento, o que já faz parte da cultura da
comunidade científica, sediar programas da importância dos anteriormente
citados possibilita maior visibilidade também no âmbito institucional. "A
cada ação, a cada evento, a cada publicação gerada por esses programas, o nome
do INPE é evidenciado, e isso atrai os olhos dos diversos públicos de interesse
(stakeholders) para a instituição como um todo, e não somente para as
suas pesquisas em mudanças climáticas", afirma Jean Ometto.
Em contrapartida,
os programas esperam poder contar com uma estrutura física e operacional capaz
de suprir demandas que incluem instalações, linhas telefônicas, computadores,
logística de transporte, manutenção de site na Internet e recursos humanos para
a gestão administrativa e organização de reuniões e eventos científicos. Em
tempos de escassez de recursos humanos e de cortes no orçamento das
instituições públicas de pesquisa, esse compromisso torna-se bastante complexo.
Ometto reconhece as dificuldades em manter essa infraestrutura no INPE.
"Apesar disso, entendo que é fundamental que se faça um esforço no sentido
de garantir a permanência de programas como a Rede Clima e o FAPESP Mudanças
Climáticas dentro do INPE", argumenta. "As unidades de pesquisa do
governo são estratégicos pontos de contato na interface entre a ciência e as
políticas públicas, e esses programas se constituem em importantes elementos
catalizadores desse processo".
Fonte: Informativo do INPE - Número 07 - 31/08/2016
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