Quatro Candidatos a Diretor do INPE Rejeitam Modelo das “OS” e Fusão Com AEB e Defendem ETE
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria publicada na edição de nº 46
de Março-Abril de 2016 do “Jornal do SindCT”, destacando que Quatro dos Candidatos
a Diretor do INPE rejeitam modelo das “OS” e fusão com AEB e defendem o fortalecimento do ETE.
Duda Falcão
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Escolha da direção do INPE via comitê de busca
Quatro Candidatos a Diretor Rejeitam Modelo
das “OS” e Fusão Com AEB (e Defendem ETE)
Sete dos oito servidores que se candidatam a dirigir o
Instituto foram
convidados a expor suas propostas. Todos que responderam
rejeitam conversão em “Organização Social”
Da Redação
Jornal do SindCT
Março-Abril de 2016
Para que toda a comunidade possa conhecer melhor os candidatos a diretor ou diretora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a reportagem do Jornal do SindCT fez um levantamento das maiores dúvidas que os servidores têm hoje, relativamente tanto a questões do cotidiano de trabalho como aquelas ligadas ao modelo de governança. Assim, no dia 8 de abril, foi enviado a sete, dos oito candidatos (Hélio Takai não foi localizado), um questionário a ser respondido até o dia 11 de abril.
César
Celeste Ghizoni, Clezio Marcos De Nardin, José Henrique de Sousa Damiani e
Leonel Fernando Perondi responderam ao questionário e suas explicações são
reproduzidas a seguir. Além deles, são também candidatos Haroldo Campos Velho, Hélio
Takai, Ricardo Magnus Osório
Galvão e Thelma Krug.
Todos
os quatro que se manifestaram rejeitam a conversão do INPE em “Organização
Social”, por variados motivos, bem como uma eventual fusão do instituto com a
Agência Espacial Brasileira (AEB). Todos defendem o fortalecimento da
Engenharia Espacial (ETE).
Dois
deles, César Ghizoni e Clezio Nardin, defendem a transformação do instituto em
autarquia federal.
Dois deles, José Henrique e Leonel Perondi, destacam a questão dos recursos
humanos como prioridade máxima.
As
perguntas encaminhadas aos candidatos foram as seguintes:
1.
Qual sua
opinião sobre terceirizar a administração do INPE e deixá-la sob os cuidados de
uma Organização Social (OS), nos moldes de outros órgãos do MCTI, como o CNPEM
e o IMPA?
2.
Se fosse
necessário eleger uma única prioridade, qual o principal problema vivido hoje
pelo INPE
que precisaria ser resolvido?
3. A Engenharia Espacial do INPE encontra-se em uma
encruzilhada: por um lado a tendência é que os próximos projetos de satélites
sejam desenvolvidos integralmente pela indústria nacional; por outro, os
engenheiros da área podem ficar cada vez mais subutilizados. Na sua opinião, qual
o futuro para a ETE no INPE?
4. Há tempos cogita-se a possibilidade de fundir a parte
espacial do INPE (especialmente ETE e LIT) à AEB, deixando as demais unidades do INPE em
outro órgão. Qual sua opinião sobre esta proposta?
5. O que o INPE deve fazer para superar seus problemas de
falta de pessoal (principalmente da área de gestão) e de recursos financeiros (considerando-se
os recentes contingenciamentos orçamentários)?
CÉSAR CELESTE GHIZONI
“INPE deve ser Autarquia Federal e Tornar-se Protagonista”
1. O
INPE é uma instituição multissetorizada e como tal não faz sentido a
transformação em Organização Social.
2. O
INPE deve ser transformado em uma Autarquia Federal que lhe possibilite gestão administrativa
e financeira descentralizada. Esta pessoa jurídica de direito público,
integrante da administração indireta, tem capacidade de autoadministração,
instituída com a finalidade de exercer atividades típicas de Estado. Em
paralelo à mudança da pessoa jurídica deve se proceder a uma mudança da
organização interna consistente, que traga maior autonomia às diretorias e descentralize
a tomada de decisões.
3. O
INPE deverá priorizar o desenvolvimento da tecnologia espacial para tornar-se protagonista
e fornecedor, e não mero usuário. Para tal é necessário fortalecer a ETE com responsabilidade
de desenvolver tecnologia necessária para atender ao PEB.
4. A
AEB tem papel diverso daquele do INPE, que é de formular e coordenar a política
espacial brasileira e não de executá-la. Não faz sentido esta proposta de
fusão.
5. A
transformação em autarquia traria maior autonomia para uma forte atuação junto
aos poderes executivo e legislativo na busca de recursos. A reestruturação
interna atenuará a falta
de pessoal através da otimização dos recursos existentes.
CLEZIO
MARCOS DE NARDIN
“Instituto Tem Que Recuperar Protagonismo no PEB”
1.
Eu não acredito que a solução do INPE seja sua transformação em OS. Em contrapartida, também
não creio que a
figura de administração direta seja a mais adequada para o INPE. Em minha opinião, a porção
da missão espacial brasileira que
compete ao INPE seria muito melhor executada se o nosso instituto fosse uma Autarquia Especial.
2.
Na minha visão, o INPE tem que ter um projeto do tamanho do Brasil e recuperar seu protagonismo
no programa espacial
brasileiro, pactuando com o País e envolvendo a indústria nacional,
as universidades, os parceiros internacionais e — principalmente — os novos players que entraram no cenário recentemente,
como a Visiona.
3.
Não só a ETE voltará a ter um papel de protagonista. Também o CTE será chamado
a participar para que as tecnologias ali desenvolvidas (propulsores, materiais,
sensores, controles etc.) sejam qualificadas em satélites intermediários,
usando a PMM e utilizadas, na medida do possível, no satélite geoestacionário
multimissão.
4.
Eu não creio que o LIT e a ETE devam ser fundidos à AEB. Em sua essência, uma
agência tem um papel muito mais político-regulador e de fomento do setor onde
atua. Neste sentido, fundir a parte espacial do INPE (especialmente ETE e LIT)
à AEB desvirtuaria completamente a missão primordial da AEB.
5.
Creio já ter respondido na primeira questão.
JOSÉ
HENRIQUE DAMIANI
“Prioridade Administrativa é Manter ‘Capital Humano’ do
INPE”
1.
As atividades técnicas e administrativas estão integradas na estrutura
organizacional do INPE, possibilitando uma expressiva produção científica e
tecnológica e a prestação de relevantes serviços ao país, não se entendendo
necessária a terceirização da sua administração.
2.
Entende-se que, sendo imprescindível a escolha de apenas uma prioridade
administrativa, manter-se-ão os ativos de natureza intelectual e física e o
capital humano do INPE, responsáveis pelas contribuições providas pelo
Instituto ao Brasil.
3. A
Engenharia Espacial do INPE detém as competências requeridas à concepção e ao desenvolvimento
de satélites, como demonstram os programas executados pelo Instituto. Com as
missões previstas e o fomento à indústria espacial brasileira, estas
competências serão ainda mais necessárias, contribuindo à plena utilização dos
especialistas do Instituto.
4.
Os resultados produzidos pela atuação do INPE e os serviços que tem prestado ao
país resultam da eficácia do seu modelo organizacional, de maneira que cabe
mantê-lo íntegro e aperfeiçoá-lo.
5.
As principais medidas incluem a sensibilização das autoridades competentes e da
sociedade para a importância dos serviços prestados pelo INPE, que são
fundamentais ao desenvolvimento nacional.
LEONEL
FERNANDO PERONDI
“É Patente a Necessidade de Recomposição do Quadro”
1. Qualquer modificação da institucionalidade de uma
organização deve ser precedida de estudos que a embasem. Penso que, correntemente,
não haja estudos e diagnósticos detalhados para uma alteração na linha
proposta.
2. A recomposição do quadro de servidores seria uma
candidata em qualquer cenário. Apesar da realização de dois concursos públicos,
em 2012 e 2014, com a contratação da ordem de 190 servidores, é patente a
necessidade de recomposição de quadros em todas as carreiras.
3. A ETE tem papel central na consecução das atividades
finalísticas do INPE. Em países já avançados neste objetivo, mesmo após o ganho
de capacitação industrial, áreas como a ETE continuam sendo essenciais.
4. Vale a reflexão da primeira questão. Penso que,
correntemente, não haja estudos e diagnósticos detalhados para embasar eventual
alteração na linha proposta.
5. Na área de gestão, penso que se deva promover, a título
de ações mais urgentes, o aprimoramento do apoio de tecnologia de informação, de
modo que os processos conduzidos pela área ganhem maior automação.
Relativamente ao aporte de recursos financeiros, acredito que a Instituição
deva manter e aprofundar a sua tradição de captação de recursos junto a agências
de fomento e fontes congêneres, o que, já nos últimos anos, tem gerado bons
resultados.
Fonte: Jornal do SindCT - Edição 46ª – Março-Abril de 2016
Comentário: Bom leitor, tá ai segundo o SindCT a visão de quatro dos candidatos ao cargo de Diretor do INPE.
Comentários
Postar um comentário