Área Espacial Pode Unir França e Brasil

Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria postada hoje (08/03) no site do jornal “Valor Econômico” destacando que Brasil e França podem se unir na Área Espacial.

Duda Falcão

Área Espacial Pode Unir França e Brasil

Virgínia Silveira
Valor, de Bremen
08/03/2013 às 00h00

Atraída por um nicho mundial para satélites de observação da Terra, na faixa de 300 a 400 quilos, a Astrium tem conversado com interlocutores da Agência Espacial Brasileira em busca de parceria para o desenvolvimento de engenharia e tecnologia brasileiras na área de foguetes. Especializada em tecnologias espaciais, a empresa tem sede principal na França e está presente em cinco países europeus. É controlada pelo grupo EADS, dono da Airbus.

A França e o Brasil poderiam explorar conjuntamente o uso comercial desses satélites, disse ao Valor o vice-presidente da divisão de lançadores da Astrium, Silvio Sandrone, que também está à frente do programa de foguetes Ariane. Segundo o executivo, o novo foguete substituiria os atuais equipamentos de grande porte que encarecem a operação de lançamento.

O Brasil já possui quase todas as tecnologias necessárias para produzir seu próprio foguete, mas ainda depende de uma cadeia industrial bem-estabelecida e de uma decisão política de Estado para levar adiante os projetos, disse Sandrone. O orçamento previsto pela Agência Espacial Brasileira (AEB) para os projetos de acesso ao espaço em 2013, como o foguete VLS e o lançador de microssatélites VLM, é de R$ 112,4 milhões.

A expectativa para 2015 é de uma demanda mundial para lançamento de 20 a 25 satélites na faixa de 300 a 400 quilos, segundo estudo da consultoria francesa Euroconsult.

O programa brasileiro de lançadores prevê um veículo com massa entre 200 kg e 500 kg, batizado de VLS-Alfa. Os mercados-alvo são os fabricantes de satélites de até 500 kg destinados à órbita terrestre baixa (abaixo de 2 mil km). Na última edição do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), revisada em janeiro, o orçamento previsto para o VLS-Alfa era de R$ 442 milhões.

A cadeia industrial do foguete Ariane, segundo o executivo da Astrium, tem 64 fornecedores que se comunicam diretamente com a Astrium, produzindo equipamentos e sistemas, desde motor-foguete a propulsão líquida, computadores de bordo, sistemas pirotécnicos, estruturas, tanques, entre outros. "Essas empresas empregam diretamente cerca de 10 mil pessoas na Europa", disse Sandrone.

No Brasil, existem apenas 14 empresas fornecedoras do programa espacial, que empregam 440 colaboradores. Na parte de infraestrutura, segundo a Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil, o país conta com 18 salas limpas e 40 laboratórios, dos quais 18 são dedicados ao desenvolvimento de software.

Em 2011, do faturamento de US$ 6,8 bilhões das empresas do setor aeroespacial e de defesa no Brasil, as indústrias que atuam no segmento espacial responderam por 0,63% do total, segundo o último balanço disponível da associação do setor.

Para comparação, a Astrium sozinha faturou € 5,8 bilhões em 2012. O foguete Ariane, isoladamente, movimenta mais de € 1 bilhão por ano no mercado mundial de lançamentos comerciais, capturando a cada ano metade do total de lançamentos, disse Sandrone.

A Astrium já se uniu à Agência Espacial Europeia e à Agência Espacial Alemã para colaborar com o Brasil no programa de foguetes de sondagem (veículos suborbitais que podem transportar experimentos científicos para altitudes superiores à atmosfera terrestre, por períodos de até 20 minutos). O foguete brasileiro VSB-30, por exemplo, já realizou 14 missões bem-sucedidas na Europa.

Os foguetes de sondagem têm sido usados pelos europeus desde 1976 em missões de pesquisa atmosférica, lançamento de cargas científicas e tecnológicas em ambiente de microgravidade. Até o momento, segundo Andreas Schütte, diretor dos programas Texus Maxus da Astrium Space Transportation, já foram realizados 51 lançamentos do programa Texus e nove do Maxus.

O foguete usado nas missões do Texus é o VSB-30, e para o programa Maxus, o Castor. Mas, de acordo com Schütte, o veiculo será substituído pelo foguete brasileiro VLM-1, previsto para voar em 2015. O próximo voo do Texus com o foguete VSB-30 está programado para abril.

O foguete VLM-1 também está sendo desenvolvido em parceria com a agência alemã, que lançará em 2015 o experimento científico Shefex 3. Os alemães arcam com 25% dos custos de desenvolvimento do VLM, estimados em R$ 100 milhões.

"O Brasil está um pouco na situação da Europa. Possui um mercado institucional demasiado pequeno para sustentar a produção de lançadores. O acesso ao mercado comercial é indispensável para o país ser independente nessa área", afirmou Sandrone.

O Valor apurou que Sandrone esteve no Brasil em dezembro para tratar desses temas. A Astrium também participa do processo de seleção do fornecedor do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas, que o Brasil pretende adquirir a um custo estimado de R$ 720 milhões.

Contexto

A Agência Espacial Brasileira (AEB) articula a criação de uma empresa integradora para a área de foguetes, que ficaria responsável pelo fornecimento de um sistema completo, envolvendo a parte de engenharia de sistemas e a sua integração.

A nova empresa pode surgir de uma parceria público-privada, nos moldes da Visiona Tecnologia Espacial, uma associação entre a Embraer e a Telebrás, para a construção do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas.

Segundo especialistas do setor espacial brasileiro, o assunto já despertou o interesse de algumas empresas nacionais, entre elas, a Camargo Correa, a Avibras e a Odebrecht, que controla a Mectron. A criação de uma empresa integradora é considerada uma operação mais complexa, porque não tem o apelo comercial de um satélite.

O modelo de empresa integradora de foguetes já foi testado em 1996, com a criação da Espacial S.A, que chegou a operar durante quatro anos, mas foi descontinuada. Petrônio Noronha de Souza, diretor da AEB, disse que o conceito de empresa integradora se adéqua ao objetivo de incentivar a consolidação do setor por meio de empresas de maior porte.

O interesse de cooperação da Astrium com o Brasil na área de lançadores, segundo um interlocutor do programa espacial brasileiro, poderá interessar, mas isso vai depender das condições propostas, da disposição em transferir tecnologia e da existência de orçamento. "O programa do VLS só recebeu R$ 15,5 milhões em 2012, embora o valor publicado seja de R$ 62 milhões. Com esse montante não é possível avançar", afirmou.


Fonte: Jornal Valor Econômico - 08/03/2013

Comentário: Em primeiro lugar, em minha opinião não vejo como positiva a entrada de mais um player no programa brasileiro de veículos lançadores. Posso estar enganado, mais isso está me cheirando mal ou no mínimo demonstra mais uma vez falta de foco nessa área. Se for para se aproximar da França, que se faça da forma correta e não como foi feita com a Ucrânia, utilizando-se de toda segurança e competência possível, protegendo a tecnologia brasileira já desenvolvida no IAE e tendo sempre, incondicionalmente, o controle de todo processo. Nunca, em momento algum, estabelecer acordos de compra de tecnologia e sim sempre buscar pelo desenvolvimento tecnológico conjunto. Caso contrário, é melhor o COMAER ficar atento desde o início, pois todo o esforço realizado esses anos pode acabar sendo entregue por esses energúmenos do governo DILMA ROUSSEFF aos franceses. Quanto ao uso do VLM-1 no programa MAXUS, essa informação não me parece correta, já que o VLM-1 é um foguete orbital e muito caro e poderoso para ser usado em voos suborbitais de Experimentos em de Microgarvidade, como os do Programa MAXUS. Eu Creio que o que o Sr. Andreas Schütte quis dizer é que o foguete Castor de origem americana deve ser substituído pelo VS-50, futuro foguete de sondagem brasileiro derivado do motor-foguete S50 do VLM-1. Vamos aguardar os acontecimentos e torcer, torcer muito mesmo leitor, para que esses energúmenos não venham protagonizar mais uma lambança no Programa Espacial Brasileiro.

Comentários

  1. Essa aproximação cheira como uma estrategia Francesa :uma maneira de evitar a concorrência. Ou a Astrium vai concorrer com ela mesma com a base de lançamentos na Guyana???
    A França quer transformar o Brasil numa pequena França em materia de tecnologia de defesa e espacial! Nunca vão ceder a tecnologia, so de pouquinho como no caso dos Eurocopter.

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  2. Um beijo frances no Programa Espacial Brasileiro. Tapem os olhos dos inocentes porque Dilma tem tido uma má "pegada", mesmo depois de ter dado beijos em tantos abacaxis.

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  3. A pergunta que não quer calar é: se não havia dinheiro para o PEB, de onde surgirá o dinheiro para esse empreendimento? Isso cheira a uma manobra do governo de esvaziar os institutos governamentais e apoiar "empresas" fantoches com interesses indizíveis. Em qualquer caso não é o interesse nacional que está em pauta

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  4. Todo mundo querendo dar uma beliscada no programa espacial brasileiro, se for verdade até os franceses ja perceberam que com um bom investimento o programa espacial brasileiro pode dar lucro.

    Por que o interece de empresas estrangeiras no PEB, sera que so os governantes do brasil não fizeram uma pesquisa de mercado?

    Não acredito que seja só pela participação na construção do SGB que eles estão assim, tem mais alguma coisa.

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  5. "O orçamento previsto pela Agência Espacial Brasileira (AEB) para os projetos de acesso ao espaço em 2013, como o foguete VLS e o lançador de microssatélites VLM, é de R$ 112,4 milhões."
    Como se no orçamento deste ano foi destinado apenas R$25 milhões para os projeto de lançadores nacionais ? Isto está me cheirando golpe !!!!

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    Respostas
    1. Hummmm, que bom que o leitor Anônimo notou essa notícia. Não citei a mesma justamente esperando que alguém lesse toda notícia com a devida atenção. Essa amigo leitor Anônimo, é mais uma clara demonstração de que o que é planejado na Agência Espacial Brasileira (AEB) não é seguido pelo Governo DILMA ROUSSEFF e seus energúmenos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), sendo por isso que as coisas não andam e o PNAE não tem a seriedade que deveria.

      Abs

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian)

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  6. humm, empresas Duda, empresas. isso tem cheiro de...pressao politica?
    abraços

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