EUA Foram Contrários aos Programas Espaciais do Brasil
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo publicado ontem (12/02) no blog “Luis
Nassif Online” onde o jornalista faz uma analise sobre o embargo americano ao Programa Espacial Brasileiro.
Duda Falcão
EUA Foram Contrários aos
Programas Espaciais do Brasil
Por Luis Bassif
12/02/2013 - 09:50
“No final
dos anos 80 e na década de 90, a crescente e forte pressão do exterior, especialmente
dos EUA, contra projetos espaciais do Centro Técnico Aeroespacial (DCTA/FAB)
era fato concreto, claro, documentado.
Os Estados
Unidos, por diversos meios, já haviam explicitado, escrito, assinado e
carimbado que não aprovavam o desenvolvimento espacial brasileiro quanto a
foguetes de sondagem científicos e a lançadores de satélites. Documentos
formais do Departamento de Estado daquele país isso claramente manifestavam.
Até mesmo, aqueles que nos foram enviados justificando como “razões de Segurança Nacional” (sic)
deles as suas negações aos pedidos do CTA de importação de rudimentares e
inofensivos componentes de uso comum, “de prateleira”, que o CTA pretendia
aplicar em produto espacial.
Quando esses
e outros itens embargados eram conseguidos pelo CTA correta e oficialmente, em
outros países, alguns políticos brasileiros da base do governo demotucano, bem
como a nossa americanófila “grande” imprensa, diziam, errada, acusativa e
pejorativamente, e em estranha coincidência com a posição norte-americana, que
a Aeronáutica estava “comprando no mercado negro”.
Pelo menos,
os EUA não colocavam semelhantes obstáculos para o desenvolvimento brasileiro
de satélites pelo INPE. Quiçá, porque já soubessem que ganhariam muito dinheiro
com a colocação em órbita daqueles pequenos, leves, simples e inofensivos
satélites destinados à coleta de dados ambientais (SCD) (os SCD-1 e 2 eram refletores de sinais
desses dados ambientais enviados de pontos de medição em terra),
cujos lançamentos para a órbita certamente seriam (como foram) comprados pelo
Brasil (AEB) no exterior, na ausência do embargado lançador nacional VLS.
Realmente, os EUA vieram a ganhar, e muito, no lançamento deles.
A suspeita
de haver ações dos EUA, lícitas e ilícitas, contrárias aos nossos projetos de
veículos espaciais fora reforçada, nos anos 80, por outro fato. Fora contratada
pelo CTA uma empresa norte-americana para efetuar tratamento térmico em
tubos-envelopes dos motores do primeiro estágio do foguete de sondagem
científico suborbital Sonda IV. Aqueles tubos tinham sete metros de comprimento
por um metro de diâmetro (tubos idênticos aos dos seis
motores, de três dos quatro estágios do VLS).
Motor do Sonda IV e do VLS (que utiliza 6 deles) |
Eram feitos
com inovador aço especial de ultra-alta-resistência desenvolvido pelo CTA/FAB
com apoio de indústria nacional. Aço que veio a ser comercializado pela empresa
brasileira que participara do desenvolvimento. Foi exportado até para os EUA
fazerem trens de pouso dos aviões Boeing.
Após árduas
gestões, que consumiram muitos meses, o governo dos EUA, finalmente, autorizou
o embarque dos tubos do Sonda IV para aquele país. O tratamento térmico foi
realizado e pago, mas o governo norte-americano não permitiu a restituição ao
Brasil... Novamente, difíceis negociações, inclusive diplomáticas. Outros
longos meses foram consumidos até a devolução.
Recebidos e
testados em laboratório pelo CTA, foram descobertos defeitos elementares
nos serviços feitos nos EUA no metal de relativamente muito fina espessura,
defeitos que causariam explosão quando se lançasse os foguetes. Então, com o
intelecto e os recursos do CTA/FAB, foi capacitada tecnológica e
industrialmente uma empresa nacional para não mais dependermos dos EUA naqueles
serviços. Foi projetado e construído o maior e mais moderno forno vertical do
hemisfério sul para tratamento térmico em metais em atmosfera controlada.
Aquele
imprevisto e outros injustificáveis embargos dos EUA retardaram o programa
espacial brasileiro completo (MECB) (satélite-lançador-centro de
lançamento) em muitos anos.
Infelizmente,
por culpa nossa, ocorreu posteriormente outra oportunidade perdida pelo
Brasil: o estratégico e avançado forno teve que ser
desativado por falta de demanda causada pela restrição quase total de recursos
financeiros e humanos para a área espacial nos dois governos FHC/PSDB/DEM.
Houve o
doloso drástico estrangulamento orçamentário com a quase extinção do setor
espacial brasileiro nos anos 90 (Collor e FHC/PSDB/PFL-DEM) por ordens de
origem (interna ou externa) ainda desconhecida. A asfixia atingiu,
especialmente, as áreas de lançadores de satélites, foguetes de sondagem
científica e centros de lançamento. O governo FHC passou a direcionar os poucos
recursos brasileiros restantes para o projeto norte-americano da estação ISS e
para pequenos e relativamente simples satélites do INPE (SCD-1 e 2), lançados
em órbita pelos EUA a preços abusivos.
As saídas de
pessoal dos projetos praticamente extintos chegou a quase um milhar. Grande
parte dos poucos remanescentes engenheiros do projeto VLS (o governo proibia novas admissões)
recebia congelados ínfimos salários. Os teoricamente 'estagiários' recebiam
cerca de R$ 600 e, mesmo assim, era comum ficarem mais de seis meses sem
receber. Os recursos governamentais foram, praticamente, zerados naquelas áreas
(em 1999, o total do setor espacial no Brasil
–INPE, CTA, CLA, CLBI etc--ficou abaixo de 10 milhões. Ver gráfico abaixo).
Os projetos persistiam movidos com calote às indústrias fornecedoras e pelo
patriotismo dos pesquisadores e técnicos que ainda sobreviviam ao caos no setor
causado pelo governo. Cada um passou, também, a executar tarefas de outras
especialidades onde surgiam as perdas de pessoal. Culminou com grave acidente.
Em 2003, um explosivo incêndio na torre de lançamento, em Alcântara (MA),
destruiu a estrutura do VLS, causando a morte de 21 técnicos e especialistas do
IAE/FAB. O relatório da comissão da Câmara dos Deputados que investigou o
acidente, relatado por deputado do próprio PSDB, concluiu que a causa do
acidente e das mortes foi o drástico corte de recursos financeiros e humanos ocorrido
nos anos anteriores (nos governos demotucanos).
Houve
significativa recuperação dos investimentos a partir de 2003 (ver gráfico
abaixo), porém não se forma em menos de dez, quinze anos novo quadro de
cientistas especializados.
Gráfico dos recursos totais aplicados no setor espacial brasileiro (picos máximos em 1984 e 2010 e pico mínimo em 1999) |
Mesmo com o
significativo aumento nos investimentos desde 2003, o Brasil ainda despende
valores muito baixos em comparação com outros países de porte semelhante
(China, Índia) ou até mesmo de economias bem menores:
INVESTIMENTO
ESPACIAL NO MUNDO (2010)
PAÍS
- ORÇAMENTO ANUAL (em US$ milhões)
EUA - 17.600
Europa -
5.350
França -
2.590
Rússia -
2.400
Japão -
2.100
China -
1.300
Índia -
1.010
Irã - 400
Brasil – 343
Fonte: Site Luis Nassif Online - http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/
Comentário: O jornalista Luis Nassif faz uma descrição
com propriedade e apesar de eu concordar com ele que a interferência americana atrapalhou,
não acho que a mesma tenha sido tão primordial assim para levar o programa a
situação que está. Em primeiro lugar essa interferência só aconteceu porque o
governo brasileiro permitiu, e desde que houve a primeira interferência o que
devia ter sido feito era procurar outro caminho e não insistir mais com os
americanos. Veja o exemplo do forno
vertical que com a recusa americana foi criado pelo IAE. A interferência
americana só foi efetiva porque encontrou guarita nos governos COLLOR, ITAMAR e
FERNANDO HENRIQUE e aparentemente começou a encontrar guarita novamente no governo
ROUSSEFF. Não precisamos dos americanos e no momento que entendermos isso,
seguiremos o exemplo do Iran e da Correia do Norte que desenvolveram seus
programas espaciais apesar do sérios embargos que vivem. Caro leitor, quem quer
fazer, faz, e não fica procurando desculpa para explicar aos outros a sua
incompetência.
Acho que vou pegar nessa sua nota e emoldurar em algum lugar. As Coreias e o Irã, com um programa espacial jovem, não cruzaram os braços quando os EUA lançaram seu velho truque de "bad cop" (não gosto do Hitler, mas teve graça a gracinha que fez com esse velho hábito americano - neste video).
ResponderExcluirNão há desculpas.
Mais uma vez vamos fazer papel de idiotas perante os americanos?
ResponderExcluirIsso tudo que foi postado na matéria todos sabemos, acho que é igual traição no casamento, com o passar dos anos tudo é deichado pra trás.
Eu não engulo esse negócio de centro tecnológico da Boeng no Brasil, somos pacifístas demais e chegamos a ser Bôbos.
Quem quer faz com ou sem interferência, é só observarmos a Coréia do Norte e o Irã......
ResponderExcluirÉ fácil culpar os americanos por problemas causados por nossa incompetência administrativa, corrupção e falta de seriedade.
Infelizmente o PEB tornou-se uma piada de mau gosto.
Miraglia
Gostei muito da matéria! Mas será que teria como conseguirmos o gráfico do orçamento na área espacial do Brasil desde a década de 1980? Essa esta muito ruim, e eu procurei outra na internet e ela não apontava 1999 como o pior ano, ela só dava muito dinheiro para o projeto da ISS e quase nada para o resto.
ResponderExcluirMas enfim se puder me dizer onde posso achar tal gráfico ficaria agradecido!
Daniel.
Mas fomos expulso do programa ISS, porque tínhamos dinheiro apenas no papel, na pratica quase nada foi liberado pra este programa .
ExcluirOlá Daniel!
ExcluirInfelizmente eu só tenho esse gráfico amigo. Quem sabe um dos leitores possa lhe ajudar. Boa sorte.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
Duda
ResponderExcluirEssa matéria foi originada do Blog:
http://democraciapolitica.blogspot.com.br
Link completo da matéria:
http://democraciapolitica.blogspot.com.br/2013/02/1-satelite-brasileiro-completa-20-anos.html
Lá existe referencias da origem do gráfico.
sds
Pelo que eu saiba o Orçamento do programa espacial russo foi $5,6 billion
ResponderExcluirA Sociedade Brasileira tem q pressionar o "Governo Brasileiro" a desenvolver uma política EFETIVAMENTE d Estado p/ o SETOR ESPACIAL e fugir dessa iniciativa d ficar fazendo aquisições d componentes p/ os satélites ou d transferência d tecnologia, exceto qnd se puder fazer alguma compensação comercial q geralmente os PAÍSES CENTRAIS conseguem SEMPRE ou GERALMENTE a favor dos mesmos, mas só q eles Ñ se contentam c/ isso, pois o INTERESSE é d Ñ nos desenvolvermos nesta SEARA do SETOR ESPACIAL. Logo, além d diversas medidas necessitamos URGENTEMENTE FOMENTAR o DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO e TECNOLÓGICO em SOLO NATIVO.
ResponderExcluirA Sociedade Brasileira tem q pressionar o "Governo Brasileiro" a desenvolver uma Política EFETIVAMENTE d Estado p/ o SETOR ESPACIAL BRASILEIRO e se afastar dessa iniciativa d ficar fazendo aquisições d componentes p/ os satélites ou d transferência d tecnologia, exceto qnd se puder fazer alguma compensação comercial q geralmente os PAÍSES CENTRAIS conseguem SEMPRE ou GERALMENTE a favor dos mesmos, mas só q eles Ñ se contentam c/ isso, pois o INTERESSE é d Ñ nos desenvolvermos nesta SEARA do SETOR ESPACIAL. Logo, além d diversas medidas necessitamos URGENTEMENTE FOMENTAR o DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO e TECNOLÓGICO em SOLO NATIVO.
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