Brasil Cria Lançador de Microssatélites Altamente Competitivo

Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria publicada na Revista Espaço Brasileiro (Jan - Jun de 2012), dando destaque ao projeto do Veículo Lançador de Microssatélites (VLM-1) do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE).

Duda Falcão

IAE

Brasil Cria Lançador de Microssatelites Altamente Competitivo. VLM1:
Um Jeito Simples de Chegar ao Espaço

O Veículo Lançador de Microssatélites (VLM-1) é um
avanço da competência tecnológica brasileira, muito
bem descrito pelo seu slogan, “Um jeito simples de
chegar ao espaço”. O antigo sonho do Programa
Espacial Brasileiro está se tornando uma realidade
bastante promissora, tanto para a nossa indústria
como para nossa presença internacional.


O VLM-1 deve estrear em 2015, lançando o veículo de reentrada Shefex-3 (Sharp Edge Flight Experiment)  da Agência Espacial Alemã (DLR) em um Voo Experimental de Alta Precisão.

Graças aos estudos e projetos anteriores, o VLM-1 foi definido com uma configuração de três estágios: o primeiro e o segundo movidos pelo motor S50 a propelente sólido, e o terceiro estágio acionado pelo moto S44, já qualificado em voo pelo foguete de sondagem VS-40 . O motor S50, uma novidade, está sendo desenvolvido em conjunto pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço, ligado ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (IAE/DCTA), e pela DLR. O motor mede em torno de 1,45m de diâmetro por 5m de comprimento e abriga cerca de 12t de propelente.

Será o maior propulsor fabricado no Brasil até hoje. Conterá quase o dobro da quantidade de propelente do motor S43. Com esta arquitetura, o VLM-1 é capaz de lançar um minissatélite de 200kg em órbita equatorial de 300km de altitude, ou 180kg em órbita inclinada em 23° para missões científicas e tecnológicas, ou para missões de sensoriamento remoto. Ele terá ainda uma variedade de versões, modificando-se apenas o terceiro estágio e mantendo-se inalterados o primeiro e segundo estágios.

Na segunda versão, por exemplo, o motor S44 será substituído por um maior, que capacitará o veículo a lançar 350kg na direção da Linha do Equador, a 300 km de altitude, e 100kg , em 98° de inclinação, a 600km de altitude. Haverá, ainda, versões com um quarto estágio a propelente sólido ou a propelente líquido. Outras versões ainda são possíveis. A partir de sua configuração básica, o VLM-1 se destaca pela versatilidade e pode, inclusive, realizar missões para microssatélites de Observação da Terra.

Seu projeto é do tipo “design to cost”. Estudos de “trade off” em curso analisam várias soluções viáveis para subsistemas, de modo a equilibrar confiabilidade e custo. Simplicidade é a palavra chave para entender o segredo do VLM-1: configurações simples, soluções simples e confiabilidade implícita. O custo como um dos principais drivers do projeto levou a soluções de propulsão sólida, sabidamente de custo menor que a líquida para pequenos lançadores. A propulsão sólida tem ainda a vantagem de permitir maior responsividade, ou seja, a capacidade de colocar rapidamente um foguete em condições de lançamento – requisito importante para os programas nacionais de controle de catástrofes.


A produção a um custo reduzido cria uma real oportunidade de mercado para sua comercialização. O mercado visado é o de pequenas cargas úteis orbitais, isto é, pico, nano, microssatélites e minissatélites, além de grandes cargas úteis suborbitais. Acrescenta-se a isso, como vantagem competitiva, o maior controle do cliente sobre o processo de lançamento.

Como solução industrial, ele aplica com rigor as diretrizes de política industrial expressas no Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE): integra a indústria nacional desde o início do processo de concepção. Da mesma forma que o primeiro satélite geoestacionário Brasileiro (ver matéria nesta edição), o VLM-1 deverá ser desenvolvido por um consórcio formado por empresas brasileiras, que, no final, ficarão responsáveis por sua produção.

As soluções empregadas no projeto são totalmente compatíveis com a capacidade da indústria nacional. O produto tem alto índice de nacionalização. Toda a eletrônica dos primeiros estágios será produzida no país, inclusive a plataforma inercial e o transmissor de telemetria. A eletrônica do DLR no estágio superior será posteriormente nacionalizada. A meta é promover a engenharia brasileira em produtos de alto conteúdo tecnológico. Assim, não só as indústrias brasileiras participantes do consórcio serão beneficiadas, mas toda a cadeia produtiva aeroespacial.

O VLM-1 visa um nicho de mercado não explorado por grandes provedores de lançamento. Sua realização virá assegurar a almejada sustentabilidade, capaz de estabilizar a indústria espacial brasileira. Isso será reforçado pelas parcerias internacionais, que estão sendo estabelecidas tanto para o desenvolvimento, quanto para a sua comercialização.


Em suma, o VLM-1 pretende alcançar o acesso ao espaço por meio de forte redução da complexidade, estabelecendo boas parcerias internacionais e um plano de negócios que utiliza a capacidade produtiva brasileira, considerando o custo como \“Project driver”\,visando um mercado em expansão ainda subestimado e apresentando como vantagem competitiva a customização da missão de lançamento pelo cliente.

No fundo, é a repetição da estratégia de entrada no mercado da aeronave Bandeirante, em finais da década de 1960 que culminou com a criação da Embraer, realizada pelo DCTA, que hoje se constitui em relevante instituição espacial vinculada ao sistema liderado pela Agência Espacial Brasileira.


Fonte: Revista Espaço Brasileiro - num. 13 – Jan à Jun de 2012 - págs. 20 e 21

Comentário: Pois é leitor, pelo que parece o VLM-1 nasce com a marca do sucesso, isto é, se o governo não atrapalhar como de costume.

Comentários

  1. Quando vejo os americanos colocarem 1 veículo de 1 tonelada lá em marte, à 60 milhões de kms de distância mínima da terra e nós aqui brincando de foguetes de festa de são joão, dá-me uma infinita tristeza. E quando penso que perdemos o bonde da história em não participar da construção da estação espacial ISS, tudo isto por descaso e ignorância dos nossos governantes, isto sim é irreparável. Só resta mesmo um grande amor por este país... Coragem pessoal, um dia vcs serão heróis...

    ResponderExcluir
  2. Olá Anônimo!

    Assino em baixo de suas palavras. Parabéns!

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

    ResponderExcluir

Postar um comentário