Brasil e Alemanha, Uma Parceria de Sucesso

Olá leitor!

Segue abaixo uma interessante matéria publicada na Revista Espaço Brasileiro (Jul, Ago e Set de 2011), destacando a parceria de 40 anos entre o Brasil e Alemanha e os projetos em curso.

Duda Falcão

IAE

Brasil e Alemanha, Uma Parceria de Sucesso

Há quarenta anos os dois Países desenvolvem
projetos bem sucedidos na área espacial

Leandro Duarte

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Brasil e Alemanha completam este ano quatro décadas de trabalho conjunto e ininterrupto na área espacial. Não é à toa que é no Brasil, mais precisamente em São Paulo, que se localiza a maior quantidade de empresas alemãs fora da Alemanha. Da parceria, a mais bem sucedida no setor, surgiram vários produtos de sucesso, como o requisitado foguete de sondagem VSB-30. Em breve, outros produtos devem surgir dessa união. O conjunto de missões que vêm sendo realizadas pelo Centro Espacial Alemão (DLR), como parte do Sharp Edge Flight Experiment (Shefex - Experimento de Vôo de Cantos Vivos), já consagrou o VSB-30, testará o foguete VS-40 e estreará o Veículo Lançador de Microssatélites (VLM-1), pode alçar o Brasil à condição de player no mercado de foguetes lançadores, além de estimular a indústria nacional do setor espacial e a formação de recursos humanos.

Com o Shefex, a DLR pretende desenvolver tecnologias para construção de plataformas orbitais recuperáveis e experimentos de reentrada atmosférica que serão posteriormente utilizados em novos projetos de veículos lançadores reutilizáveis e aeronaves hipersônicas.

A missão Shefex desenvolvida em parceria com o Brasil foi dividida em três etapas. A primeira delas, batizada de Shefex 1, foi realizada em 27 de outubro de 2005 a partir da base norueguesa de Andoya. A operação foi coordenada pelo DLR e teve participações da European Aeronautic Defence and Space Company (EADS), da Andoya Rocket Range (AAR-Noruega), da Agência Espacial Brasileira (EB) e do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE). O objetivo era realizar os primeiros testes no experimento. Para operação foi utilizado o foguete brasileiro VSB-30, com pleno êxito.

O veículo suborbital é um exemplo dos empreendimentos de sucesso entre as duas nações. O VSB-30 é um foguete bi-estágio, que transporta cargas úteis científicas e tecnológicas, de 400 kg, para experimentos na faixa de 270 km de altitude. Para experimentos em ambiente de microgravidade, o VSB-30 permite que a carga útil permaneça cerca de seis minutos acima da altitude de 110 km.

O desenvolvimento do projeto VSB-30 teve início em 2001, por solicitação da Agência Espacial Alemã (DLR), para atendimento ao Programa Europeu de Microgravidade, em substituição ao foguete Skylark 7, que deixara de ser produzido.

No final do ano de 2009, o VSB-30 recebeu a primeira certificação brasileira de um produto espacial. Esse fato é considerado pelos especialistas do setor como um importante marco alcançado no desenvolvimento das atividades espaciais brasileira.

O primeiro vôo ocorreu em 23 de outubro de 2044, durante a realização da Operação Cajuana, quando foi lançado com sucesso, a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão. Até hoje, foram efetuadas onze lançamentos, todos com sucesso.

A etapa seguinte, o Shefex 2, prevista para março de 2012, lançará da base de Andoya o foguete brasileiro VS-40 que levará dois experimentos, um alemão e um brasileiro. O experimento brasileiro é proveniente dos trabalhos para o Satélite de Reentrada Atmosférica (SARA). Ele é composto por placas feitas de fibra de carbono em matriz cerâmica. Segundo o pesquisador do IAE, Dr. Luis Eduardo Loures, o experimento verificará o comportamento desse material em um ambiente de reentrada atmosférica.

A fibra de carbono é utilizada com vantagem de acordo com o pesquisador, em envelopes motores construídos com esse material, devido ao menor tempo de produção. Segundo ele, um motor metálico pode ser produzido em um período de 18 a 20 meses, enquanto um motor em compósito, como o S50, pode ser feito em três meses. Outro atrativo da fibra de carbono é o motor em compósito que pesa menos do que o metálico, sendo mais eficiente.


VLM-1

O motor S50 fará parte de um novo foguete a ser produzido pelo País, o Veículo Lançador de Microssatélites (VLM-1). Ele será usado na missão Shefex 3, prevista para o fim de 2015. O lançamento será realizado no Brasil a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão.

Em torno dele há muita expectativa. Sem estar pronto, o foguete já tem demanda internas e externas. O pesquisador disse que essa cooperação com o DLR, “nos permitirá entrar em um nicho de mercado que poderá alavancar o desenvolvimento de lançadores no Brasil”. Loures ressalta, ainda, que o VLM será um veículo que atenderá não só a demanda do DLR como também a uma necessidade nacional de lançamentos de microssatélites.

O instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) já colocou no Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) uma demanda para microssatelites. A previsão é de um lançamento por ano, para diversas aplicações, a partir de 2016. “Há uma demanda comercial significativa para microssatélites no mundo, que o Brasil está disposto a perseguir”, disse Loures.

No quesito demanda e parceria, o VLM se aproxima do VDB-30. No entanto, o desenvolvimento dos dois foguetes é diferente. Enquanto o VSB-30 está sendo industrializado após o desenvolvimento, o VLM-1 já inicia o desenvolvimento com soluções industriais. O que aproxima os dois é a participação dos europeus. “Assim como o VSB-30, o VLM é um foguete brasileiro, mas possuirá algumas peculiaridades de sistemas europeus que vão permitir que eles também coloquem em órbita seus microssatélites”.

Uma dessas peculiaridades é um pequeno módulo orbitalizador, a ser desenvolvido pela Corporação Espacial Sueca (SSC). Este módulo é um sistema de propulsão líquida que ficará acima do terceiro estágio do VLM. Para o pesquisador o empreendimento não é importante apenas pelo aspecto financeiro, como também pelo aspecto tecnológico. "Uma característica desse programa é que os participantes têm acesso aos dados dos produtos. Nós procuramos fazer um programa democrático entre os participantes. Ou seja, a transferência de tecnologia ocorre nos dois lados."

Com o VLM o País deseja entrar no promissor mercado de lançamentos de microssatélites e nanossatélites, setor emergente no cenário mundial devido a miniaturização da tecnologia. Uma das razões para a redução do tamanho dos satélites é a redução de custos de lançamento: satélites maiores e mais pesados requerem foguetes maiores com custo de lançamento muito mais elevado. Outras vantagens desse segmento são: o baixo custo de produção, a redução do tempo de desenvolvimento, a facilidade para produção em massa, a possibilidade de serem lançados em grupo ou junto com satélites maiores (piggyback) e, em caso de falhas, a perda financeira é menor e a substituição é mais rápida.

Para Loures, todas estas facilidades fazem com que este segmento seja uma tendência de mercado, o que justifica o interesse do Brasil em um setor que hoje é dominado por ingleses e alemães. “O que queremos com o projeto do VLM-1 é criar uma alternativa viável economicamente para essas e outras nações lançarem os seus sistemas de micro e nanossatélites”. Para o pesquisador, além do objetivo econômico da comercialização do foguete, o programa também estimulará a indústria nacional do setor espacial. “Se nós conseguirmos tal feito, estaremos contribuindo para tonar a indústria espacial brasileira sustentável”.

VLM e Formação de RH

Além do viés comercial e da incrementação científica e tecnológica que o VLM-1 proporcionará ao País, o projeto poderá atrair novas mentes para o Programa Espacial Brasileiro (PEB). Desde o início, a AEB e o IAE conseguiram viabilizar junto ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), um programa de bolsas para estudantes brasileiros (graduação e pós-graduação).

A idéia inicial do programa de bolsas era suprir a carência de mão de obra especializada de que o programa necessitava. O IAE não poderia ceder profissionais em número suficiente para o projeto VLM-1, uma vez que o foco principal do instituto é o VLS e, este, já apresenta carência de mão de obra. No entanto, a iniciativa das bolsas não só atendeu as necessidades do VLM-1 como a de outros projetos, garantindo seus prosseguimentos e também aproximou o setor acadêmico das atividades do IAE. Para Loures, essa inclusão está capacitando e gerando interesse nos futuros profissionais do PEB. O programa de bolsas é visto por todos, na instituição, como bem sucedido, por apresentar bons resultados. “Vamos dar prosseguimento aos trabalhos iniciados. Temos alunos de várias universidades que estão motivados com o projeto”.

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Fonte: Revista Espaço Brasileiro - num. 12 - Jul Ago e Set de 2011 - págs. 14 e 15

Comentário: Pois é, avante VLM-1. A matéria nos traz novas informações sobre essa exitosa parceria com Alemanha e as que consideramos as mais significativas são: A utilização de um motor-foguete líquido orbital de origem sueca que ficará acima do terceiro estágio do VLM-1, o lançamento do Shefex III sendo realizado do Brasil, e por fim a informação de que o programa de bolsas é um sucesso e fundamental até o momento para o desenvolvimento do VLM e de outros projetos do IAE. Entretanto, estranho a matéria não ter citado o desenvolvimento do VS-50 para atender o programa MAXUS (apesar de mostrá-lo na concepção artística no inicio da matéria) e aproveito para fazer uma correção no texto. Jamais, em momento algum, em hora nenhuma, o foguete VSB-30 participou do Programa SHEFEX como citado no texto. O foguete utilizado para o lançamento da “Operação SHEFEX I” foi o VS-30/Orion, fruto é verdade da parceria Brasil/Alemanha, mas composto em seu primeiro estágio pelo motor-foguete sólido brasileiro S-30, e em seu segundo estágio pelo o motor-foguete americano Improved Orion. Sugiro aos editores da revista que tenham mais cuidado com o que publicam, evitando assim erros como esse, já que a mesma é editada pela própria Agência Espacial Brasileira.

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