Projeto do INPE Investiga Chuvas de Linhas de Instabilidade

Olá leitor!

Segue abaixo uma nota postada hoje (23/05) no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) destacando que campanha científica em Belém investiga Chuvas de Linhas de Instabilidade.

Duda Falcão

Campanha Científica em Belém Investiga
Chuvas de Linhas de Instabilidade

23/05/2011

Um mês após o encerramento da campanha científica de Fortaleza, começa em junho o segundo experimento de campo do Projeto Chuva, que até o final de 2012 cobrirá seis cidades. Desta vez, Belém (PA) será a sede da campanha, que terá o mesmo formato da de Fortaleza. Além dos trabalhos de coleta de dados, envolvendo diversas instituições e equipamentos, será montado o Sistema de Observação de Tempo Severo, como em Fortaleza, para a emissão de alertas e avisos meteorológicos, e o mini-curso “Processos Físicos das Nuvens”, voltado a alunos de graduação e pós-graduação, que será realizado na Universidade Federal do Pará (UFPA).

O Projeto Chuva está sob a coordenação geral do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e conta com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). O centro operacional da campanha será montado nas instalações do SIPAM, onde serão discutidas diariamente as previsões de tempo e chuva.

Serão estudadas as linhas de instabilidades que se formam na região costeira do continente, dando origem a grandes aglomerados de nuvens Cúmulo-Nimbos. Nesta época do ano, estes aglomerados penetram o interior da Amazônia, provocando chuvas intensas.

Segundo o pesquisador Luiz Augusto Machado, do CPTEC/INPE, coordenador principal do projeto, estas chuvas são fundamentais ao clima da Floresta Amazônica. Por outro lado, elas também provocam enchentes e prejuízos às cidades e metrópoles da região.

Para acompanhar os sistemas convectivos, o pesquisador Frederico Angelis, do CPTEC/INPE, um dos coordenadores científicos do projeto, conta que será utilizado durante a campanha um dos mais avançados radares meteorológicos do mundo, com capacidade de discriminar diferentes tipos de precipitação e partículas no interior das nuvens. “O resultado é semelhante a uma tomografia, só que das nuvens”, destaca.

A expectativa é de que os dados e as informações obtidos em campo ajudem a conhecer melhor a estrutura das linhas de instabilidades. A partir disso, explica Machado, será possível melhorar a previsão do tempo na região tropical do país. Os dados também poderão ser aplicados em áreas de pesquisa de mudanças climáticas e em análises dos efeitos dos aerossóis (partículas suspensas na atmosfera) na formação de nuvens de chuva.

Os processos de eletrificação das nuvens também serão estudados nesta campanha. O pesquisador da USP, Carlos Augusto Morales, coordena as atividades na área e a coleta de dados.

Outro resultado esperado com grande expectativa é a obtenção de dados que permitirão às novas gerações de satélites meteorológicos estimar as chuvas da região. As medidas de campo serão úteis na especificação de sensores a bordo de um satélite brasileiro, que fará parte do programa Global Precipitation Measurement (GPM – Medidas Globais de Precipitação), sob a liderança das agências espaciais dos Estados Unidos (NASA) e do Japão (JAXA).

Melhoria das Previsões

O pesquisador Luiz Augusto Machado afirma que os processos físicos associados às nuvens de tempestade, que evoluem em escala de alguns quilômetros, ainda não são totalmente conhecidos e há pouca precisão na sua descrição pelos modelos numéricos de previsão de tempo e clima.

Com o aumento da resolução espacial dos atuais modelos, devido ao maior poder computacional do Tupã, novo supercomputador do INPE, os processos que envolvem as partículas de chuva e gelo nas nuvens terão que ser descritos com maior detalhamento.

O pesquisador Saulo Freitas, também do CPTEC/INPE, irá rodar, durante a campanha, um modelo de alta resolução, com o intuito de testar e validar a previsão imediata para a região.

Em outra frente da campanha, a pesquisadora da UFPA, Júlia Cohen, coordenadora local do experimento, estará testando, junto com o pesquisador David Fitzjarrald, da Universidade de Nova York, um balão dotado de equipamentos e sensores que irá acompanhar a linha de instabilidade – área em que são especialistas - até o interior da Amazônia.

Além da UFPA e do SIPAM, também participam do projeto o Destacamento de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA), a Secretaria do Meio Ambiente do Pará e o INMET. Além da coordenação geral do projeto, o CPTEC/INPE está à frente também de duas áreas de abrangência da pesquisa, que conta ainda com a liderança de pesquisadores da USP e do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/ DCTA). A Agência Espacial Brasileira (AEB) e o Ministério da Ciência e Tecnologia também apóiam o Projeto Chuva.

Mais informações sobre o projeto e as campanhas podem ser acessadas no portal do Chuva:

Radar utilizado nas campanhas é içado ao topo do prédio
do Departamento de Meteorologia da UFPA


Fonte: Site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)

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