Tensão no Lado Ucraniano da Alcântara Cyclone Space

Olá leitor!

Segue abaixo uma nota postada hoje (14/01) no blog “Panorama Espacial” do jornalista André Mikeski, onde o mesmo nos traz a notícia de que o posicionamento do ministro Aloizio Mercadante está causando tensão na mal engenhada Alcântara Cyclone Space (ACS), particularmente no lado ucraniano.

Duda Falcão

EXCLUSIVO: Tensão na Alcântara Cyclone Space

André M. Mileski
14/01/2011

O posicionamento do atual ministro de Ciência e Tecnologia (MCT), Aloizio Mercadante, de analisar profundamente o acordo espacial com a Ucrânia para o lançamento de foguetes a partir de Alcântara (MA) está causando tensões na Alcântara Cyclone Space (ACS), particularmente no lado ucraniano. A preocupação teria, inclusive, motivado o telefonema do presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, para Dilma Rousseff no último dia 10.

De acordo com informações apuradas pelo blog Panorama Espacial, duas semanas após a posse do novo governo, o diretor-geral da ACS, Roberto Amaral, e Aloizio Mercadante, não se reuniram e nem conversaram sobre o projeto da binacional.

A direção da ACS encaminhou um ofício ao MCT comunicando a necessidade de integralização do restante do capital subscrito na empresa pelo governo brasileiro para a continuidade das atividades, como a construção da infraestrutura terrestre no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). Embora o contrato com as empreiteiras já tenha sido assinado, as obras não foram iniciadas justamente pela falta dos recursos necessários no caixa da binacional.

A dificuldade (ou desinteresse) do lado ucraniano em integralizar a sua parte do capital social na ACS também tem gerado certo desconforto e até mesmo desconfianças. Cerca de 60 milhões de dólares já deveriam ter sido aportados pela Ucrânia, e desde a sua constituição, em agosto de 2006, as atividades da binacional têm sido tocadas principalmente com recursos oriundos do governo brasileiro.

Flórida Cyclone Space?

Esta semana, uma informação surpreendente chegou ao conhecimento do blog Panorama Espacial. Os sócios ucranianos estariam negociando com uma empresa norte-americana a possível instalação de um sítio de lançamento do Cyclone 4 na costa leste dos EUA, no estado da Flórida [onde está situado o centro espacial de Cabo Canaveral]. Um protocolo já teria, inclusive, sido assinado com a empresa, a ATK, que atua nos setores aeroespacial e de defesa.

Embora não tenhamos conseguido maiores detalhes até o fechamento desta nota, um comentário feito por pessoa familiarizada com o assunto chamou muito a atenção. Considerando-se a instalação de dois sítios do Cyclone 4 - em Alcântara e na Flórida, caberia aos técnicos ucranianos a definição sobre de onde o foguete seria lançado em cada missão, o que conflitaria com o espírito do tratado firmado entre o Brasil e a Ucrânia em outubro de 2003, isto é, a operação do lançador a partir de solo brasileiro, no CLA.

Em outubro de 2010, revelamos alguns dos contatos comerciais feitos pela ACS, tendo por referência uma apresentação de Roberto Amaral realizada na Câmara dos Deputados em outubro de 2009. Uma das empresas mencionadas foi justamente a ATK - Space Systems Tyokol, com o escopo “lançamento do Cyclone-4 no mercado norte-americano”.

O blog acredita que a estratégia ucraniana de procurar um parceiro nos EUA tem um racional mercadológico, pois ao executar os lançamentos a partir de território americano, os ucranianos e ATK teriam mais facilidades para obter financiamentos e também disputar contratos governamentais, possivelmente de órbita baixa. Além do mais, neste cenário, o estado-lançador seria os EUA, o que dispensaria a necessidade de um acordo de salvaguardas tecnológicas do Brasil com os Estados Unidos, um dos grandes problemas do binômio Cyclone 4 / Alcântara.


Fonte: Blog “Panorama Espacial“ - André Mileski

Comentário: Poderíamos estar comemorando agora o que parece ser o inicio do fim desta mal engenhada empresa, mas não acreditamos ainda nas intenções do ministro Aloizio Mercadante de revisar este acordo com os ucranianos. Para mim é jogo de cena ou uma forma de pressionar os ucranianos para cumprirem sua parte no acordo colocando os recursos acertados. No entanto, o interesse dos ucranianos em abrir outro sitio de lançamento para o Cyclone-4 na Flórida, pode ser a saída do governo para dar um fim nesse acordo absurdo que chamais deveria ter sido feito. Inclusive, chamo atenção do leitor que pela nota do companheiro Mileski, as obras do sitio do foguete ainda não foram iniciadas, ou que pode realmente significar que por desconfiança este fato esteja sendo utilizado pelo Mercadante para pressionar os ucranianos para que integralizem já a sua parte no capital social da empresa. Caso isso venha acontecer, não acreditamos que o senhor Mercadante venha fazer qualquer alteração significativa neste acordo e essa mal engenhada empresa deverá ser mesmo liquidada pelo próprio mercado em poucos anos. Quanto aos ucranianos, concordarmos com a opinião do companheiro Mileski, ou seja, eles estão fazendo a parte deles, jogando em duas frentes e a que der certo, será a beneficiada. Mas o leitor pode estar certo de que caso saia o acordo com os americanos o mesmo será bem diferente.

Comentários

  1. Olá Ricardo!

    Espero que sim amigo, mas como disse no meu comentário, não acredito, porém neste país tudo pode acontecer, apesar de ser muito difícil, já que o Roberto Amaral é um dos políticos fortes do PSB, partido da base governista no Congresso. Lembre-se que esse acordo é estritamente político e no Brasil infelizmente o lado político tem uma importância muito maior do que os interesses da nação e conseqüentemente do povo brasileiro.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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  2. Eu fico abismado como nossos governantes são ingênuos. Em 2003, os EUA destruíram o foguete brasileiro “VLS-1 V03” em Alcântara, e agora muito inteligentemente está usando a Ucrânia para “enrolar” os brasileiros otários. A Ucrânia é marionetes dos EUA, eles fazem tudo que o “Tio Sam” mandarem. A Ucrânia quer fazer parte da OTAN e da União Europeia, e precisa do apoio americano para isso. Será que é tão difícil pensar?
    Se o Brasil tivesse feito esta parceria com a Rússia, o foguete já estava no espaço.
    Escrevam o que eu vou dizer agora:
    “Vai demorar muitos anos, até que um foguete seja lançado de Alcântara. A Ucrânia foi um grande engodo”.

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