Nitidez Sem Precedentes


Olá leitor!

Segue abaixo uma notícia publicada hoje (19/05) no site da “Agência FAPESP” destacando que o telescópio SOAR, localizado no Chile, receberá em julho o Filtro Imageador Sintonizável Brasileiro (BTFI, na sigla em Inglês), cujo desenvolvimento foi coordenado no IAG/USP.

Duda Falcão

Especiais

Nitidez Sem Precedentes


Por Fábio de Castro

19/05/2010




Desenvolvido com coordenação do IAG-USP,

instrumento que permitirá ao telescópio Soar

adquirir imagens de outras galáxias com nitidez

inédita será instalado em julho (Foto: IAG)


Agência FAPESP - O telescópio Soar, localizado em Cerro Pachón, no Chile, receberá em julho o Filtro Imageador Sintonizável Brasileiro (BTFI, na sigla em inglês), equipamento cujo desenvolvimento foi coordenado no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP).

Ao ser acoplado ao telescópio, o instrumento – que custou cerca de US$ 1 milhão e foi financiado pela FAPESP – permitirá imagear os movimentos relativos internos de galáxias distantes. O consórcio Soar (sigla para Searchable Online Accommodation Resource) também conta com apoio financeiro da FAPESP.

Versátil, o equipamento que combina três novas tecnologias de ponta poderá ser utilizado desde estudos de galáxias próximas e do meio interestelar, até estudos em cosmologia observacional.

O projeto, coordenado pela professora do IAG Claudia Mendes de Oliveira – que é também membro da coordenação da área de Astronomia e Ciência Espacial da FAPESP –, teve participação da Escola Politécnica da USP, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), do Laboratório Nacional de Astrofísica, da Universidade Federal do Pampa (Unipampa-RS), do Laboratório de Astrofísica de Marselha (França) e da Universidade de Montreal (Canadá).

O diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, e o pró-reitor de Pesquisa da USP, Marco Antonio Zago, foram recebidos no IAG, nesta terça-feira (18/5), para conhecer detalhes do BTFI.

De acordo com um membro da equipe científica do projeto, João Steiner, professor do IAG e coordenador do INCT de Astrofísica – que é financiado pela FAPESP e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) –, o objetivo da reunião foi fazer uma apresentação do equipamento antes de enviá-lo ao Chile.

“A astronomia brasileira estabeleceu um programa de instrumentação de nível internacional e está finalizando a construção de mais um equipamento. Quisemos apresentar esses resultados ao diretor científico da FAPESP e ao pró-reitor de Pesquisa da USP a fim de destacar a capacidade do Brasil em produzir instrumentação de ponta”, disse Steiner à Agência FAPESP.

O equipamento, segundo ele, foi produzido em tempo recorde: apenas três anos. Ainda assim, seu desenvolvimento resultou em nove teses na área de tecnologia. “Trata-se de um equipamento astronômico, mas sua produção envolveu pesquisa em softwares, detectores, mecânica e outras áreas relacionadas a tecnologias de ponta. Com isso, o projeto rendeu treinamento de pessoal em alto nível”, destacou.

Óptica Adaptativa

O BTFI, segundo Steiner, será acoplado a um módulo que corrige os efeitos da turbulência na atmosfera. Essa correção, aliada à qualidade de imagem do novo equipamento, resultará em imagens com nitidez inédita. Com isso, o Soar obterá uma performance não atingível para telescópios de porte semelhante.

“Como sabemos, as galáxias estão continuamente se afastando de nós. Mas, no interior delas, existe muitas vezes uma rotação complexa, com cada braço espiral girando em velocidade ligeiramente diferente dos outros. Com o BTFI será possível fazer um mapa extremamente preciso dessas diferentes rotações, registrando a movimentação relativa do interior das galáxias. Esses estudos serão fundamentais para entender a cinemática e a dinâmica das galáxias”, explicou.

O equipamento terá nitidez de 0,2 segundo de arco, o que equivale a uma qualidade três vezes melhor do que qualquer outra atingida até hoje, segundo Steiner. A nitidez em cor, por outro lado, poderá variar desde mil ângstrons até um sétimo de ângstron. O instrumento permitirá a aquisição de “cubos de dados” tridimensionais – com duas dimensões espaciais e uma dimensão espectral.

“O diferencial do novo equipamento é que nenhum instrumento dessa natureza tem a nitidez espacial que ele é capaz de atingir. Essa nitidez incrível só será possível porque o BTFI será o primeiro equipamento operado com óptica adaptativa – isto é, com técnicas capazes de compensar os efeitos da turbulência atmosférica”, disse.

A nitidez em cores sem precedentes é outra característica especial do BTFI, segundo Steiner. “Podemos ajustar o equipamento em qualquer resolução em cor, desde a mais alta até a mais baixa, com qualquer intervalo que se considere desejável”, indicou.


Fonte: Site da Agência FAPESP

Comentário: Pois é leitor, mais uma vitória da Astronomia Brasileira. E o caminho foi simples, nada diferente do que acontece em outros países, ou seja, houve os recursos, aliado ao conhecimento científico e tecnológico disponível no país e o resultado não poderia ser outro. Onde existe competência, conhecimento, recursos financeiros e humanos adequados e seriedade os resultados aparecem normalmente. Assim tem sido nos últimos anos no setor astronômico brasileiro, agora, onde existe ingerência política, incompetência administrativa, falta de planejamento, falta de visão política e tantos outros problemas de ordem estrutural, como é o caso do Programa Espacial Brasileiro, o resultado não poderia ser outro do que o alcançado atualmente. O que para nós brasileiros é extremamente lamentável. Parabéns a Astronomia Brasileira, ao IAG/USP e ao astrônomo João Steiner e sua equipe por demonstrar que com seriedade podemos no futuro construir uma nação de verdade. Avante Brasil.

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