Adesão ao ESO - E a Polêmica Continua


Olá leitor!

Segue abaixo mais uma matéria publicada ontem (08/05) no site do jornal “O Estado de São Paulo” sobre a possibilidade de adesão do Brasil ao grupo do European Southern Observatory (ESO) que continua dividindo o meio científico do país.

Duda Falcão

Ciência

Adesão a Grupo Europeu Divide Astrônomos

Maioria é favorável a parceria com o
European Southern Observatory, mas há receios
de que o custo-benefício seja prejudicial à Ciência Brasileira

Herton Escobar - O Estado de S.Paulo
08 de maio de 2010 0h 00


A polêmica sobre a possível entrada do Brasil no European Southern Observatory (ESO), divulgada ontem pelo Estado, causou um racha entre lideranças científicas da astronomia nacional. A adesão ao consórcio europeu daria aos pesquisadores brasileiros acesso a alguns dos telescópios mais avançados do mundo. Mas há quem diga que o preço é alto demais e desnecessário, tanto do ponto de vista orçamentário quanto científico.

Um grupo de trabalho composto por dois astrônomos e um diplomata deverá apresentar até o fim do mês um relatório sobre as condições mínimas adequadas para a participação do Brasil no grupo. Formado por 14 países da Europa mais o Chile, o ESO é responsável pela construção e operação de vários telescópios de alta tecnologia nos Andes.

"A maioria esmagadora da comunidade científica é favorável à nossa entrada no ESO", diz Eduardo Janot Pacheco, presidente da Sociedade Astronômica Brasileira e relator da Comissão Especial de Astronomia (CEA), grupo criado em 2009 dentro do Ministério da Ciência e Tecnologia para elaborar um plano de desenvolvimento da astronomia brasileira para os próximos cinco anos. Uma versão preliminar do plano foi entregue na quarta-feira ao ministro Sergio Rezende. O documento autoriza o ministro a abrir negociações com o ESO sobre uma eventual adesão brasileira.

Uma das estratégias de futuro é que o Brasil se torne sócio de um dos três telescópios "gigantes" que estão sendo planejados para a próxima década, conhecidos pelas siglas E-ELT, TMT e GMT (mais informações nesta página). Pois só os países que contribuírem financeiramente para o projeto terão direito garantido de utilizar os instrumentos. Janot é um dos que acreditam que o E-ELT, um projeto do ESO, seja a melhor opção.

Maturidade. Hoje o Brasil é sócio de dois observatórios nos Andes, Gemini e Soar, operados em parceria com instituições americanas, principalmente. Críticos da parceria com o ESO temem que a continuidade desses projetos seja comprometida.

"Temos maturidade suficiente para investir em projetos próprios", diz o pesquisador Laerte Sodré Junior, do Instituto de Astronomia (IAG) da Universidade de São Paulo. "Com esse dinheiro, poderíamos fazer muito mais de forma autônoma." Segundo ele, o custo-benefício da participação no ESO será muito ruim, pois o custo é equivalente ao PIB de cada país - e o Brasil tem um PIB alto, mas uma comunidade astronômica pequena, que teria dificuldade para competir por tempo nos telescópios com os cientistas europeus.

Segundo o diretor do Laboratório Nacional de Astrofísica, Albert Bruch, a adesão ao ESO custaria ao Brasil 132 milhões, mais um custo operacional anual de 13,6 milhões, sem correções por inflação ou aumento de PIB. Ele e Janot são os cientistas responsáveis por avaliar a viabilidade da parceria.

Já o astrônomo João Steiner, do IAG, calcula que a participação no ESO custará R$ 1,24 bilhão em 20 anos. "É um custo absurdo para a astronomia brasileira", diz ele, que, em protesto, pediu demissão da CEA.

Gigantes Previstos:

European Extremely Large Telescope (E-ELT)
Projeto do European Southern Observatory (ESO)que terá um espelho principal com 42 metros de diâmetro. Previsto para 2018, nos Andes chilenos.

Thirty Meter Telescope (TMT)
Projeto da universidade americana Caltech, com espelho de 30 metros. Previsto para 2017, no Monte Mauna Kea, no Havaí

Giant Magellan Telescope (GMT)
Projeto da Carnegie Institution, com espelho de 24,5 metros. Previsto para 2018, no Chile


Fonte: Jornal O Estado de São Paulo - 08/05/2010

Comentário: Pois é leitor essa discussão ainda terá outros capítulos e na opinião do blog, o que se tem de levar em conta é o custo-benefício desta adesão e a não interferência nos projetos astronômicos já em curso no país. Se o custo-benefício gerado for positivo e o investimento necessário para o mesmo não vier interferir no desenvolvimento dos projetos já em andamento pela comunidade astronômica, não vejo porque não participar. No entanto, creio que nada melhor do que a própria comunidade astronômica para fazer esta avaliação e caberá ao MCT coordenar um estudo que aponte com segurança o melhor a ser feito.

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